quarta-feira, 11 de maio de 2011

Review - Episódio 1x04 "Cripples, Bastards, and Broken Things"


Outro dia eu disse no Twitter que "Game of Thrones" é tão fiel a "A Guerra dos Tronos" que, assistindo a série, eu sentia como se estivesse relendo o livro, e um leitor disse que esse era justamente o defeito da série. Eu discordei dele, até assistir esse episódio.

Spoilers Abaixo

Antes de tudo, quero dizer que, como fã das Crônicas de Gelo e Fogo, estou muito satisfeito com “Game of Thrones”. Para os leitores já habituados à narrativa complicada de Martin, os múltiplos pontos de vista e as centenas de personagens, a série é um prato cheio, adaptando com perfeição cada cena do livro, e conseguindo captar a essência da história. Mas, muitas vezes, a fidelidade ao livro é tanta que chega a incomodar – e isso ficou muito claro em Cripples, Bastards and Broken Things.

Acontece que os roteiristas parecem sentir uma necessidade de enfiar na série todos os detalhes do livro, principalmente no que diz respeito ao passado da trama. Mas, como a série não conta com o recurso do narrador, esse passado acaba tendo que ser contado durante as falas dos personagens – o que cria um certo estranhamento, uma vez que os personagens estão conversando e, do nada, começam a contar alguma história. E, na maioria das vezes, são histórias que não tem importância para a trama principal da série, e poderiam facilmente ser deixadas de lado. Some a isso a necessidade de dar espaço a todos os personagens (centenas deles), e a confusão está armada.

A trama da série continua evoluindo gradativamente. A história de Tyrion em Winterfell, que serviu apenas para que amemos cada vez mais o jeito dúbio do anão; a chegada do covarde Sam à Muralha, que rendeu alguns momentos bem divertidos (além da aparição do lobo Fantasma); Dany chegando em Vaes Dothrak, e finalmente enfrentando seu irmão; Ned e sua jornada para descobrir o responsável pela morte de Jon Arryn, que o leva a encontrar um filho bastardo de Robert; e o começo do Torneio da Mão, uma das melhores cenas do episódio não fosse a tensa sequência final, com Catelyn capturando Tyrion.

No mais, fica a lição da trilogia “O Senhor dos Anéis”, ainda a melhor adaptação de um livro para as telas: o material original não precisa de fidelidade canina para ser apreciado em outras mídias. O que ele precisa é ser respeitado, adaptado e, em última instância, visto de forma diferente. Afinal, se você quer apreciar as Crônicas exatamente como elas foram concebidas, basta abrir as páginas e ler.

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